quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Fim da Terra no Fim do Caminho

Atualmente o ponto mais importante, o instante mais esperado, o momento de maior conquista para a maioria dos peregrinos, é chegar até a Catedral de Santiago de Compostela, certo? Certo! No entanto chegar a esta cidade e visitar o túmulo do Apóstolo, não significa que o Caminho terminou. É isso aí: o Caminho só temina mesmo é no Fim da Terra!

Esta peregrinação pelas terras mais ocidentais da Europa, já estava presente muito antes da descoberta da tumba do apóstolo Tiago, a mais de mil anos. Presente nas crenças dos povos Celtas, esta rota de peregrinação (que posteriormente também foi utilizada pelos romanos) , ía do extremo Este ao Oeste de Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de peregrinação, simbolizava a viagem do sol de Oriente para Ocidente, “afogando-se” no oceano para voltar a surgir no dia seguinte. O renascer do Sol estaria intimamente ligado com o renascer da vida. Hoje em dia são muitos os peregrinos que chegando a Santiago resolvem continuar o Caminho até Finisterra.



FINISTERRA vem do latim “finis terrae”, fim da terra; e fim também do Caminho de Santiago. Desde a antiguidade que as pessoas queriam chegar ao fim do mundo, onde a terra acaba e o mar começa ou pelo menos assim o consideravam as legiões romanas ao contemplar o afundamento do sol nas suas aguas

Graças aos costumes dos peregrinos de chegar ao Fim do Caminho e cumprir os rituais de tomar banho no mar, queimar as roupas utilizadas durante a viagem e ver o por do sol, são testemunhos das peregrinações dos caminhantes da Idade Média, que comprovam a antiguidade da rota a Fisterra e o seu interesse pela história e as suas lendas.

O Caminho a Fisterra, é o único dos Caminhos que não tem a sua meta en Santiago, mas sim a sua origem. Hoje em dia, a prolongação do Caminho até à Costa da Morte é um ritual que seguem muitos peregrinos, que desejam chegar até ao Fim da Terra, contemplar o caminho e conhecer algumas das paisagens mais impressionantes da costa europeia ocidental.

Visitar Finisterra significa chegar ao fim de um velho caminho de peregrinação pelas terras mais ocidentais da Europa, seguido por milhares de pessoas ao longo de muitos anos, para encontrar-se com o renascer da vida, com velhos cultos pagãos e os elementos da natureza, que aqui se manifestam com todo o seu esplendor: a água, o sol e as pedras; que "cristianizada" mais tarde, deram, origem a concorridos santuários como o da Virgem da Barca e o Cristo de Finisterra, ambos relacionados com a Rota Jacobea.

E como manda a tradição, estaremos lá, se Deus, o Apóstolo e nossas "pernas" permitirem. Afinal, não nos custa deixar de SONHAR...

FISTERRA
Postado por Luciana


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Tá chegando a hora...

Os dias correm e ao olhar a contagem regressiva aqui mesmo no Blog, vamos nos dando conta que o momento tão esperado começa a chegar. Não é tarefa muito fácil organizar a vida por aqui enquanto estivermos em viagem do outro lado do Oceano. Mas a cada dia, com toda a agitação, a sempre aquele instante para pensar nas paisagens que contemplaremos, as pessoas diferentes que conheceremos, os monumentos que vislumbraremos, a história que viveremos...Sonhos que se tornarão realidade em poucos dias!

Com tudo pronto, a aventura se iniciará assim:
Dia 03 de junho, embarcaremos rumo a Madri num avião da Companhia Aerolíneas Argentinas. No dia 04, a chegada prevista no aeroporto de Barajas (Madri) será por volta de 13h (horário em Madri). De lá, com carro alugado, nosso destino será a cidade de Pamplona, já no Caminho de Santiago. No dia 05 de junho então, após um bom café da manhã no Hotel Holliday Inn (Pamplona), um táxi nos levará até a cidade de Roncesvalles, aos pés dos Pirineus (na fronteira com a França), quando selaremos nossas credenciais para marcar o início do Caminho até Santiago de Compostela.

Depois disso, queridos amigos e leitores deste Blog, fica o convite a cada um para embarcar nesta viagem junto com a gente, pois sempre que possível, estaremos postando algumas imagens e transmitindo as sensações e sentimentos que nos envolverá este Caminho tão cheio de fé, misticismo, história e muitas surpresas!

mapa Espanha início

Postado por Luciana

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um Mago no Caminho Mágico

Aqui no Brasil, especialmente, não há como falar do Caminho de Santiago sem mencionar o nome de PAULO COELHO. Cada vez que falamos com alguém sobre esta nossa viagem, quase todos mencionam: "Aquele Caminho do Paulo Coelho? Já li seu livro!", referindo-se a obra O Diário de Um Mago.

Mesmo sabendo que esta rota medieval já existe por mais de mil anos, não podemos deixar de mencionar que um dos grandes divulgadores é mesmo este escritor que publicou em livro sua experiência ao fazer este Caminho em 1986.





Um pouco sobre o escritor:


Paulo Coelho mudou de vida quando percorreu pela primeira vez o Caminho de Santiago, na Espanha, em 1986. Antes disso, viveu como hippie, viajou pelo mundo, internou-se por imposição dos pais numa clínica psiquiátrica, flertou com a magia negra, virou roqueiro, produziu frases rebeldes em parceria com Raul Seixas, conheceu os porões da ditadura, foi preso e torturado durante o regime militar.


A experiência na Espanha o levaria a escrever O Diário de um Mago''e O Alquimista. Os dois livros viraram best-sellers, mataram o hippie e lançaram um dos maiores vendedores de livros do planeta. As obras de Paulo Coelho, divulgadas sobretudo em recomendações boca a boca, explodiram nas listas de mais vendidos, na contramão da acidez dos críticos brasileiros. Paulo tornou-se o centro de uma polêmica: faz livros de ficção ou de auto-ajuda? Pouco importa. As histórias conquistaram uma legião de fãs anônimos e famosos. Na segunda categoria cintilam Madonna, Julia Roberts e Isabelle Adjani.




Fato notável em sua vida foi o de ter sido o primeiro escritor não muçulmano que visitou o Irã desde a revolução islâmica de 1979.


Um pouco do Mago:


Em 1977 muda-se com a sua mulher para Londres, onde começa a dedicar-se à escrita, sem muito sucesso. No ano seguinte regressa ao Brasil, onde trabalha como executivo para outra editora discográfica, a CBS. Após três meses, deixa o emprego e separa-se da mulher. Em 1979 reencontra a artista Christina Oiticica, uma velha amiga, com quem virá mais tarde a casar e com quem permanece até hoje. O casal viaja pela Europa. Visitam o campo de concentração de Dachau, na Alemanha, onde Paulo tem uma visão em que lhe aparece a figura de um homem. Dois meses mais tarde encontra esse homem num café em Amsterdã. O homem, cuja identidade Paulo nunca quis revelar, partilha com ele experiências e vivências e sugere-lhe um reencontro com o Catolicismo. Paulo começa a estudar a linguagem simbólica do Cristianismo. O homem desafia-o também a fazer a peregrinação a Santiago de Compostela.


Em 1987, um ano depois de fazer o Caminho de Santiago, Paulo Coelho escreve o seu segundo livro, O Diário de um Mago. O primeiro, Arquivos do inferno, editado por ele mesmo, foi lançado em 1982. Sem repercussão, Paulo mandaria recolhê-lo.


O Diário de Um Mago narra a sua experiência espiritual da peregrinação e revela a presença da magia e do extraordinário na vida das pessoas comuns. É publicado por uma pequena editora brasileira e, embora não tenha muita repercussão junto da crítica, alcança algum sucesso de vendas.


Seu estilo simples imbuído de uma inspiração mística e ânimo espiritual, resultado de uma série de experiências em sociedades secretas e religiões orientais da sua fase hippie, conquistou multidões e o tornou um dos maiores best-sellers do mundo. Em 1988 escreve O Alquimista, resultado da sua dedicação de mais de uma década ao estudo da Alquimia. Conta a história de Santiago, um pastor andaluz que deixa tudo para seguir uma visão. A sua primeira edição vende apenas 900 exemplares e a editora decide não reeditar o livro. Paulo procura, então, uma editora maior, a Rocco, que se interessa pela sua obra e publica, em 1990, o seu romance seguinte: Brida, uma história sobre a conquista dos dons que todos possuímos, centrada na personagem de uma jovem que se inicia no mundo da magia. Com a publicação deste livro, que finalmente atrai a atenção da imprensa, O Alquimista e O Diário de um Mago chegam ao topo das listas de best-sellers do mundo.


O Alquimista é o livro mais vendido da história do Brasil, entrando para o livro dos recordes do Guiness.


O êxito de O Alquimista nos Estados Unidos, onde foi lançado em 1993 com uma tiragem inicial de 50 000, a maior já feita de um livro brasileiro no país, marca o início da carreira internacional de Paulo Coelho.

O livro é um dos mais importantes fenômenos literários do século XX. Chegou ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 18 países, e já vendeu mais de 11 milhões de exemplares. Foi fonte de inspiração de vários projetos - como um musical no Japão, peças de teatro na França, Bélgica, USA, Turquia, Itália, Suíça, foi tema de duas sinfonias (Itália e USA). Uma comunidade norueguesa, Arendal, deu o livro O Alquimista a todos os funcionários públicos, como maneira de estimular um novo tipo de pensamento. Vários cursos de MBA, como The Graduate School of Business of the University of Chicago, recomenda o livro no seu currículo de leitura. Também foi adotado em escolas de mais de 30 países, como França, Itália, Portugal, Brasil, Taiwan, Estados Unidos, Espanha, Argentina, México, Polônia, Suíça, Gréssia, Rússia, entre outros.

Há que questione o Mago sobere sua exposição na mídia, no entanto é respeitado e agraciado com inúmeras homenagens ao redor do mundo.

*Publicado na Revista Época
Fontes: Site Oficial, Saint Jordi Associados e O Globo



Abaixo segue um vídeo abaixo que mostra o carinho e agradecimento dos galegos, pela divulgação de Santiago de Compostela para o mundo:


agalega.info - Videos das noticias dos informativos da TVG



Postado por Luciana

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mais que palavras...



Pó, barro, sol e chuva
é o Caminho de Santiago
Milhares de Peregrinos
por mais de mil anos

Peregrino, quem te chama?
Que força oculta te atrai?
Não é o campo de Estrelas
Nem as grandes catedrais

Não é a bravura navarra
Nem o vinho dos riojanos
Nem os mariscos galegos
Nem os campos castelhanos

Peregrino, quem te chama?
Que força oculta te atrai?
Não é a gente do Caminho
Nem os costumes rurais

Não é a história nem a cultura
Nem o Galo de La Calzada
Nem o Palácio de Gaudí
Nem o Castelo de Ponferrada

Tudo eu vejo ao passar
E é um prazer ver isso tudo
Mas a voz que me chama
Eu sinto muito mais fundo

A força que me empurra
A força que me atrai
Eu não sei explicá-la
Só o de “cima” é que sabe!

E.G.B



*Procurando mais algumas imagens e informações sobre o Caminho, antes da viagem, encontrei esta poesia que foi fotografada por um peregrino no ano passado.
O caminho é mesmo mágico e repleto surpresas, fé e reflexão!

Espero que tenham gostado tanto quanto eu!




Postado por Luciana

terça-feira, 4 de maio de 2010

Identidade Peregrina

O peregrino de Santiago, como o próprio Caminho, também está carregado de simbolismos. São estes os principais:




*O cajado:
É sem dúvida um dos atributos do peregrino. Como tem-se que subir e descer pedras, enfrentar desníveis de solo e ao mesmo tempo carregar todo o peso da bagagem, o cajado facilita a nossa locomoção e nosso equilíbrio em terrenos acidentados, evitando pequenos saltos. Já em terrenos planos e regulares, o cajado ajuda a determinar o ritmo da caminhada, tornando-a mais agradável.


*A Escarcela:
Hoje substituída por bolsas de cinta, assumia as mesmas funções. Era uma pequena bolsa de couro que se prendia à cintura, servindo para o transporte de algumas moedas para pagamento das despesas da deslocação.


*A cabaça:
A cabaça era (e pode ser) usada para transporte de água ou vinho, hoje utilizamos o cantil ou as garrafas plásticas, por serem mais práticas e leves, assim a cabaça passou a ser mais um simbolo.


*A Cruz espatária (que já mencionamos em HERANÇA TEMPLÁRIA):



A ‘Cruz de Santiago’ é o simbolo da Ordem Militar e Religiosa de Santiago, fundada no ano de 1160, no reino de leão, por 12 Cavaleiros no reinado de D. Fernando II, para defender os peregrinos que iam ao sepulcro do Apostolo Santiago em Compostela.



*A cruz de Tau:



O Tau é uma cruz com a forma da letra grega TAU (T). Além de ser um símbolo protector e Bíblico é a última letra do alfabeto hebraico e a 19ª do grego, derivado dos Fenícios e correspondente ao "T" em Português. O Tau é a mais antiga grafia em forma de cruz e significa: Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direccionada para um grande bem.

O Tau, é a convergência das duas linhas: verticalidade e horizontalidade, significam o encontro entre o Céu e a Terra. O Divino e Humano




Mas, sem dúvida, o maior símbolo é mesmo a Concha de Vieira:



É o símbolo por excelência do peregrino. Serve qualquer uma e pode ser pendurada em qualquer lugar mas o mais comum é vê-las penduradas nas mochilas dos peregrinos que vão a pé ou nas bagagens dos peregrinos de bicicleta. Segundo informações, significa proteção e busca de conhecimento e devemos devolve-la ao mar depois de termos feito o caminho, o que significa que o nosso caminho só estará completo quando chegarmos a Finisterra, segundo alguns.

Outra versão para este símbolo está ligada à chegada do corpo de Tiago trazido pelos seus discípulos Teodoro e Atanásio num barco sem leme nem vela, guiados por um anjo até a Galicia. No ano de 1532, apareceu a primeira narração sobre um suposto milagre que havia originado esse antiquíssimo costume. “Um príncipe vinha cavalgando e partindo de terras longínquas com o único objetivo de conhecer e orar frente a tumba do Apostolo Santiago quando sofreu um ataque de uma serpente. O seu cavalo começou a corcovar e pondo-se a galope correu com a sua montaria em direção ao mar. O animal atirou-se à água com o seu cavaleiro. O príncipe a ponto de afogar encomendou sua alma a Santiago. Minutos depois, seu corpo emergiu das águas totalmente coberto de conchas de vieira. A partir desse momento os peregrinos a Santiago se identificaram com as conchas marinhas.

Entretanto a origem verdadeira, e mais lógica, deve-se ao fato que os peregrinos que regressavam de Finisterra – fim do mundo conhecido naquela época – deviam mostrar aos seus familiares e amigos, alguma prova ou símbolo que testemunhasse terem cumprido com êxito a sua peregrinação até Compostela.

Dessa aventura marítima, nasce o mito que fez das conchas de vieira um dos símbolos dos peregrinos a Santiago de Compostela. É assim que desde a Idade Média, a concha de vieira, posta no peito, se tornou a marca inequívoca que permitia o acesso às hospedarias.




Postado por Luciana